domingo, 25 de novembro de 2012

Exemplo:
Quando duas frases (ou muito especificamente duas premissas de um raciocínio) têm entre elas um vínculo de conjunção, só podemos aceitar como verdadeira a totalidade desse enunciado se as suas duas partes forem verdadeiras (basta uma ser falsa, e o enunciado tem de ser denunciado como falso). Nesse sentido, é indiferente pronunciar "a&b" ou "b&a" ("Luís é moreno e usa barba" ou "Luís usa barba e é moreno") para auferir o valor de verdade da formulação.

Ora, nem sempre essa possibilidade de mutação da ordem lógica é aceitável. Se eu disser "João respirou fundo e pegou no seu instrumento musical", estou a atribuir uma sucessão cronológica ao desenrolar das duas ações, e por isso tal frase não equivale a "João pegou no seu instrumento musical e respirou fundo", frase que inverte a ordem temporal dos eventos.

Na verdade, neste caso, o que acontece é que falta a palavra "depois" ao enunciado para ele poder ser compreensível (simplesmente tal palavra é automaticamente intuída pelos utilizadores da língua que estão por demais habituados a essa convenção). Assim, "João respirou fundo e depois pegou no seu instrumento musical" já não nos aparece como uma conjunção vulgar. A ser uma conjunção, teria de ser uma espécie de conjunção temporal. Ora, como se sabe, o tempo não volta para trás.